O brasão de armas de Portugal pode ser descrito heraldicamente do seguinte modo:
- «de prata, com cinco escudetes de azul, postos em cruz, cada um carregado por cinco besantes de prata, postos em aspa (ouquincunce); bordadura de vermelho carregada de sete castelos de ouro; o escudo sobreposto a uma esfera armilar, rodeada por dois ramos de oliveira (ou loureiro) de ouro, atados por uma fita verde e vermelha»
Nas bandeiras militares, a fita surge colorida, singularmente apenas de prata com a inscrição retirada d'Os Lusíadas:
"Esta é a ditosa Pátria minha amada".
As armas podem-se dividir em duas metades distintas, embora não seja frequente essa distinção na heráldica portuguesa:
- as armas maiores,
- as armas menores que consistem apenas do escudo tradicional (representado na bandeira portuguesa) sobreposto à esfera armilar, sem mais enfeites.
Quanto ao seu significado:
- a explicação lendária do escudo de prata carregado de escudetes azuis besantados de prata :
- nasceria da mítica batalha de Ourique, na qual Cristo teria aparecido a D. Afonso Henriques prometendo-lhe a vitória, se adoptasse por armas as suas chagas (em número de cinco, donde os cinco escudetes em quincunce);
- sobre a origem dos besantes, diz-se ser a representação dos trinta dinheiros pelos quais Judas vendeu Jesus aos romanos (dobrando-se o número cinco no escudete central, por forma a totalizar trinta e não vinte cinco).
- Contudo, sabe-se pelos selos régios e numismática que o número de besantes mudou bastante ao longo das primeiras dinastias, e que a história de Ourique é um mito, logo havendo um significado heráldico, não poderia ser esse.
- Outros afirmam ser a prova da soberania portuguesa face a Leão, pelo direito que assistia ao soberano de cunhar moeda própria - de que os besantes mais não são que a constatação heráldica desse facto.
A bordadura de vermelho carregada de sete castelos de ouro representa:
- segundo a tradição, o antigo reino mouro do Algarve, conquistado por Afonso III em 1249;
- a sua origem, porém, é muito mais obscura, sendo que, por Afonso III ser colateral de Sancho II, não poder usar armas limpas - e dessa forma, para marcar a diferença face às armas do pai e do irmão, foi buscar às armas maternas (de Castela), o elemento central para o distinguir (os castelos em bordadura vermelha, tal como as armas de Castela eram um castelo de ouro sobre fundo vermelho).
- Para além disso, a bordadura, em certos momentos da história, já possuiu mais do que os sete castelos actuais.
A esfera armilar de ouro, símbolo pessoal de D. Manuel I representa a expansão marítima dos Portugueses ao longo dos séculos XV e XVI:
- Historicamente, a associação da esfera armilar a D. Manuel deu-se aquando da sua investidura no Ducado de Beja por D. João II, em 1484, logo após o assassínio do seu irmão D. Diogo, Duque de Viseu, tendo D. João concedido a D. Manuel, por empresa a esfera armilar, e por mote a misteriosa palavra Spera (que, pela confusão entre o p e o dígrafo ph, com valor de f, acabou sendo lida como Sfera, criando um jogo de palavras entre a esfera, como representação do mundo, e a espera de D. Manuel para alcançar um trono ao qual nunca havia pensado chegar).
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